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História

O apito inicial da história: Como o futebol foi regulamentado

Mikael William
Última atualização 10/10/2025 02:27
Mikael William
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Foto: Reprodução/Hulton Archive
Foto: Reprodução/Hulton Archive
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As regras estabelecidas na década de 1840 tinham um objetivo comum: controlar a violência do jogo. Como cada escola tinha seu próprio conjunto de normas, era impossível organizar competições entre elas. A principal diferença estava nas regras que permitiam o uso das mãos, como em Rugby, e naquelas que exigiam um jogo de puro “chute”, como em Eton e Cambridge. Essa divergência se tornou um problema para ex-alunos que queriam continuar praticando o esporte que haviam aprendido em seus internatos.

Índice
A criação da Football Association e o surgimento do profissionalismoA ideologia do “Fair Play” e a exclusão socialCláusula de cavalheirosO futebol se torna “Jogo do Povo”

Não se sabe quais regras foram usadas pelo mais antigo clube de futebol, o “Foot-Ball Club”, que existiu em Edimburgo de 1824 a 1841. Já o Sheffield FC, o clube mais antigo ainda em atividade, fundado em outubro de 1857, adotava as regras de Harrow. Em contraste, o Blackheath Club, fundado em 1858 no sudeste de Londres, seguia as regras de Rugby. Muitos dos primeiros clubes de futebol usaram as regras de Cambridge, publicadas em 1848. Não foi por acaso que a rivalidade entre as escolas, especialmente entre a progressista Rugby e a aristocrática Eton, se refletiu nos diferentes conjuntos de regras.

Os primeiros clubes eram associações de elite. Entre os 29 fundadores do Sheffield FC, havia onze donos de fábricas, três advogados, dois médicos, um cirurgião, um dentista, um agrimensor, um cervejeiro, um veterinário, um corretor, um arquiteto, um negociante de bebidas e um ministro. A maioria deles era ex-aluno da Sheffield Collegiate School.

Assim como os clubes de críquete, os primeiros clubes de futebol funcionavam como locais de encontro para a elite. Para a alta e média classes, a filiação era uma forma de expandir redes sociais e de negócios. Essa busca por conexões não se limitava ao clube, mas se estendia a jogos contra outras equipes, frequentemente acompanhados por eventos sociais. No entanto, logo surgiram clubes que recrutavam membros fora do círculo de ex-alunos. Em regiões com poucos egressos de internatos, os jogadores de origem nobre precisavam atrair pessoas de outras classes, incluindo as mais baixas.

A criação da Football Association e o surgimento do profissionalismo

Em 26 de outubro de 1863, representantes de onze clubes de Londres se reuniram na Freemason’s Tavern para fundar a Football Association (FA). Após diversas reuniões, buscaram um consenso para um conjunto único de regras. As escolas, que queriam manter suas próprias normas, participaram pouco dessa fase inicial. Em 8 de dezembro, quando os representantes concordaram com um conjunto de regras fortemente influenciado pelas de Harrow e Eton, que permitia apenas o uso mínimo das mãos, o Blackheath Club e outros adeptos do rúgbi deixaram a reunião em protesto.

No entanto, a criação da Rugby Football Union (RFU) só ocorreria oito anos depois. Com uma exceção, todos os oito membros do primeiro conselho executivo da RFU eram ex-alunos da Rugby School: cinco advogados, um funcionário público e um professor. A saída dos clubes do “jogo de manuseio” da FA consolidou a divisão entre as duas modalidades: o Association Football (ou “soccer”) e o Rugby Union Football (ou “rugger”).

Por um tempo, outras associações existiram ao lado da FA e da RFU. O principal rival da FA, cuja influência inicial se limitava a Londres, foi a união de clubes de Sheffield, criada em 1868 e com regras próprias. Outras associações surgiram em várias regiões, como Birmingham, Lancashire, Norfolk e Liverpool. Em 1877, as associações de Londres e Sheffield se uniram, tornando a FA a única autoridade para o “jogo de chute” em todo o país. As demais associações, aos poucos, adotaram as regras da FA e se uniram a ela. Na década de 1880, o que era uma associação de clubes de Londres se tornou uma organização nacional. O número de clubes membros da FA saltou de 10 em 1867 para 1.000 em 1888 e 10.000 em 1905.

Foto: Reprodução/Walter Cox

Apesar desse crescimento, o jogo de rúgbi era inicialmente mais difundido, tanto em escolas quanto em clubes. Em Lancashire, por exemplo, onde o futebol profissional se originou na década de 1880, havia mais clubes de rúgbi do que de futebol. Na Escócia, o rúgbi tinha um monopólio. Essa situação só mudou a partir de 1880, quando muitos clubes de rúgbi migraram para as regras da FA. Uma razão importante para essa mudança foi que a FA, ao contrário da união de rúgbi, organizou competições atrativas logo no início. A mais importante delas foi a FA Cup, disputada pela primeira vez na temporada de 1871-72.

A primeira final, em 16 de março de 1872, viu os Wanderers derrotarem os Royal Engineers (1-0) diante de dois mil espectadores. A equipe vencedora contava com ex-alunos das escolas de Harrow, Eton, Westminster e Charterhouse, e das universidades de Oxford e Cambridge. A FA Cup impulsionou um aumento considerável no número de espectadores e clubes participantes. Na primeira edição, apenas quinze clubes participaram, quase todos da região de Londres. Na temporada 1883-84, mais de 100 equipes, com forte representação de Midlands e Lancashire, já participavam.

A ideologia do “Fair Play” e a exclusão social

A questão de “como se joga” se tornou central no esporte vitoriano. Os defensores do “fair play” e do “cavalheiro amador” das classes média e alta não só exigiam uma adesão estrita às regras, mas também evitavam buscar qualquer vantagem desleal sobre os oponentes. Eles acreditavam que essa regra deveria ser seguida não apenas no esporte, mas também nas relações sociais, nos negócios e na política. A ideia do “fair play” chegou a ser levantada ocasionalmente no Primeiro Conflito Global, quando se discutiu se soldados não-brancos das colônias deveriam ser usados no território europeu.

O ideal do cavalheiro amador também incluía a aversão a demonstrações de emoção. Mesmo após um grande esforço, não se deveria transparecer o cansaço. Comemorar um gol era tão inadequado quanto protestar em voz alta contra uma decisão do árbitro. Os derrotados não deveriam reclamar, mas parabenizar o vencedor, que, por sua vez, deveria evitar gestos de humilhação. As elites acreditavam que essa capacidade de manter a compostura era exclusiva delas, algo que as classes mais baixas, percebidas como emocionais e violentas, não poderiam ter. Por isso, a elite tentava manter as classes trabalhadoras o mais longe possível de suas atividades esportivas.

Outro pilar da ideologia do “fair play” era a proibição do pagamento por desempenho esportivo. O termo “profissional” surgiu como uma ameaça ao paraíso esportivo. Na década de 1880, o termo “amador”, que antes significava “amante do esporte”, ganhou seu significado moderno de atleta não-profissional. A prática comum do críquete no século XVIII de jogar por dinheiro foi veementemente rejeitada pelos cavalheiros amadores do século XIX. A principal objeção era o medo de que o dinheiro tornasse a vitória mais importante do que a participação. O “fair play” seria sacrificado pelo “lucro sujo”. Na prática, o amadorismo era frequentemente um meio de excluir as classes mais baixas e evitar contato com pessoas da classe trabalhadora.

Cláusula de cavalheiros

Em 1886, a Amateur Athletic Association adotou uma “cláusula de cavalheiros” que proibia a participação de “qualquer mecânico, artesão ou trabalhador, ou qualquer um envolvido em atividade servil”. A elite acadêmica desprezava aqueles que, por não serem pagos, tinham algo a perder financeiramente ao participar de esportes. Por exemplo, em 1863, o Amateur Athletic Club proibiu explicitamente a filiação de trabalhadores, pois eles não podiam se dar ao luxo de abandonar o trabalho e o salário para competir.

Tanto a FA quanto a RFU enfrentaram o crescente desafio do profissionalismo, que viam como uma ameaça à sua existência. Eles adotaram estratégias diferentes para lidar com o fenômeno. A FA abandonou sua abordagem repressiva e optou por controlar o esporte profissional ao estabelecer a Liga Profissional de Futebol em 1888. Em contraste, a RFU permaneceu inflexível e sofreu a cisão da Northern Rugby Football Union em 1895. O principal motivo da divisão foi a questão dos “pagamentos por tempo perdido”, que compensavam a renda dos trabalhadores que faltavam ao trabalho para jogar. A recém-criada Rugby League alterou algumas regras e autorizou pagamentos a jogadores profissionais. Em 1904, o rúgbi da Rugby League já era um esporte totalmente profissional.

Foto: Reprodução/Heritage Auctions

Richard Holt sugeriu que as diferentes abordagens das duas associações podem estar relacionadas às suas raízes sociais. Os membros da FA, vindos das escolas mais antigas e prestigiadas, não temiam a ameaça de jogadores das classes mais baixas e podiam se dar ao luxo de serem paternalistas. Em contrapartida, a RFU, com origem na menos prestigiada Rugby School, via nos jogadores profissionais uma ameaça ao status social de seus membros. Independentemente da causa, a abordagem repressiva da RFU e o consequente cisma causaram um revés do qual o rúgbi nunca se recuperou totalmente.

O futebol se torna “Jogo do Povo”

A ascensão do futebol com as regras da FA, que atraiu cada vez mais todas as classes como jogadores e espectadores, foi acompanhada por uma retirada das elites em favor de outros esportes. Ironicamente, um desses esportes era o rúgbi, que havia perdido a batalha com o futebol devido à sua abordagem inflexível em relação ao profissionalismo. O fato de o futebol permitir jogos profissionais já na década de 1880 explica apenas parcialmente a retirada dos “cavalheiros amadores”, já que o críquete também tinha jogadores profissionais há mais tempo sem que isso causasse um êxodo das elites.

O fator decisivo foi a transformação do futebol em um “jogo do povo”, que já não servia para a busca de distinção e separação das classes comuns. Em seu longo ensaio La Distinction, o sociólogo Pierre Bourdieu formulou a tese de que o gosto nunca é uma preferência individual, mas deve ser analisado de uma perspectiva social. Bourdieu distinguiu três dimensões de gosto: o “gosto legítimo” das classes altas, o “gosto médio” e o “gosto popular” das classes baixas. Essas dimensões se manifestam em todas as áreas da vida, como música, teatro, cinema, vestuário, esporte e leitura.

O gosto legítimo é marcado por características distintivas que supostamente provam a competência cultural e a sofisticação de quem o possui. Os adeptos do gosto legítimo usam as classes baixas como contraste para reforçar sua posição superior. Ao mesmo tempo, o gosto “legítimo” renova constantemente as diferenças sociais. As crianças das classes altas o adquirem desde o nascimento, um conceito que Bourdieu chama de capital cultural, enquanto aqueles que ascendem das classes mais baixas precisam se esforçar para se apropriar dele.

O gosto legítimo, no entanto, não é estático. Elementos culturais adotados por pessoas que buscam ascender socialmente tendem a se mover em direção ao gosto médio ou popular e são gradualmente abandonados pela elite. Esses elementos perdem sua função de distinção e deixam de ser uma reserva exclusiva das classes altas, sendo substituídos por novas práticas culturais.

O futebol viveu exatamente esse destino. Em um período em que as classes mais baixas tinham pouco tempo livre para participar de esportes, o futebol atendia ao desejo das classes altas por exclusividade. No entanto, com a redução da jornada de trabalho e a profissionalização, o jogo se tornou acessível às classes baixas. Com o futebol se tornando o epítome do gosto popular, os “cavalheiros” que buscavam distinção não tiveram escolha a não ser procurar novos esportes. Em particular, eles se voltaram para aqueles que eram caros demais para o homem comum ou que eram improváveis de se tornarem populares devido a regras complexas.

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Formado em Gestão de Projetos pela USP e apaixonado pela escrita, onde tento apurar histórias e aprender mais sobre o esporte. Busco entender e explorar não apenas o que acontece dentro das quatro linhas, mas também o que move cada jogador, técnico e torcedor. Escrever sobre futebol é uma maneira de mostrar que por trás de cada gol existe um enredo humano, feito de muito esforço e sonhos.
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